Assim começa a história...
O primeiro povoamento conhecido de Paris é da cultura chasseana (entre 4 000 e 3 800 a.C.), sobre a margem esquerda dum antigo braço do Sena dentro do 12º arrondissement de Paris.[1][2] A presença humana lá parece ter sido contínua durante o Neolítico.[f 1]
Os restos duma aldeia no Bairro Administrativo de Bercy, parte do 12º arrondissement, foram recuperados e datados por volta de 400 a.C. — notavelmente uma embarcação presa nos lamaçais que lá na época havia e atualmente exposta no Museu Carnavalet.
Fora disto, a falta de dados caracteriza o conhecimento do período desde a dita ocupação pré-histórica até a época galo-romana. A única certeza é de que os Parisii são os mestres da região quando chegam as tropas de César, em 52 a.C., que a renomeiam como Lutetia (Lutécia). Os Parisii haviam-se submetido a Vercingétorix para lutar contra os invasores romanos, porém sem sucesso. Ainda não se sabe com precisão onde ficava o assentamento gaulês: île de la Cité(hipótese hoje muito discutida), île Saint-Louis, ou alguma outra ilha que hoje se acha anexada à margem esquerda do Sena, ou até mesmo Nanterre.[3][4]
A cidade romana foi construída, segundo um mapa de grade ortogonal datado do século I, sobre a margem esquerda. Lutécia, como a chamavam os romanos, provavelmente não tendo mais que cinco a seis mil habitantes em seu apogeu, não era mais que uma vila modesta do mundo romano. Compare-se ela com Lugdunum, capital das três Gálias (uma das quais a Gália Lugdunense , que englobava a região da Lutécia), que contava, no século II, com 50 000 a 80 000 habitantes.[5] Mesmo assim, Lutécia contava com um fórum, palácios, banhos, templos, teatros, e um anfiteatro.[6]
Segundo a tradição, a vila foi cristianizada por São Denis, martirizado no ano 272. Durante o Baixo Império, a Lutécia foi afetada pelasgrandes invasões e a sua população se refugiou na île de la Cité, fortificada com pedras recuperadas de grandes edifícios arruinados. Contudo, desde o século IV, a existência de assentamentos exteriores à muralha é atestada, e a vila retoma o nome do povo do qual ela é a capital, os Parisii.[7]
Em 451, a Santa Genoveva, futura padroeira da cidade, será quem conseguirá convencer os habitantes a não fugir diante dos Hunos de Átila, que são repelidos efetivamente sem combate.[f 2]
[editar]Idade Média
O rei Clóvis I fez de Paris a capital do Reino dos Francos por volta de 506. Aí ela permanece até pelo menos o início do século VII. No século VI, a Igreja de Saint-Gervais é o primeiro lugar de culto implantado sobre a margem direita — sinal de que a cidade se expande.[f 3]
Os Vikings, chegando em seus dracares de mínimo deslocamento, pilham pela primeira vez em845 a cidade abandonada por seus habitantes. As suas incursões se prolongam até o início doséculo X, e os seus assaltos só se mitigaram com o Tratado de Saint-Clair-sur-Epte concluído em911.[c 1]
Os Capetos, que reinam a partir de 987, preferem Orléans à Paris, uma das duas grandes vilas do seu domínio pessoal. Hugo Capeto, apesar da sua residência na île de la Cité, lá pouco se delonga. Roberto o Pio a visita com muita frequência. A cidade se torna um importante centro de ensino religioso desde o século XI.[f 4] O poder real se fixa progressivamente em Paris, que volta a ser a capital do reino, a partir de Luís VI (1108-1137) e mais ainda sob Filipe Augusto(1179–1223), que a cercou com uma muralha.
O comércio enriquece Paris a qual tira vantagem da sua posição na convergência de grandes rotas comerciais. O trigo entra pela Rue Saint-Honoré; os tecidos do Norte pela Rue Saint-Denis e o pescado do Mar do Norte e da Mancha pela Rue des Poissonniers. A importância do seu mercado, junto com a feira do Lendit em Saint-Denis, demanda uma praça num lugar menos abarrotado do que a île de la Cité: Luís VI a instala em cerca de 1137 no lugar chamado "Les Champeaux" (as campinazinhas); os Halles de Paris (Mercado Municipal) lá permaneceriam por mais de oito séculos.
Em 1163, o bispo Maurice de Sully empreende a edificação da Catedral de Notre-Dame de Paris sobre a île de la Cité. A importância da cidade aumenta, tanto no plano político como no financeiro e comercial. Os órgãos centrais do governo dela fazem a sua sede, e o desejo do rei de melhor controlá-la não deixa que ela usufrua duma carta comunal. Apesar disso, ele lhe concede os privilégios de "burgo do rei" e consente favores a "hansa" (ou "guilda") dos mercadores fluviais. Em 1258, Saint-Louis tira o preboste das mãos dos mercadores e a confia a um amigo, Étienne Boileau. Em 1263, a hansa dos mercadores elege o primeiro conselho composta dum preboste de mercadores e de quatro vereadores. Assim se estabelece um sistema de dupla autoridade entre a cidade e o poder real.[f 5]
Por volta de 1328, a população parisiense é estimada em 200 000 habitantes, o que a faz a cidade mais populosa da Europa.[8][f 6] Mas em 1348, a Peste Negra dizima a população. No século XIV, a muralha deCarlos V (1371–1380) engloba o conjunto dos atuais 3º e 4º arrondissements e se estende do Pont Royal à Porte Saint-Denis.
Durante a Guerra dos Cem Anos, o descontentamento popular nutre a ambição do preboste dos mercadores, Étienne Marcel, provocando a grande ordenança de 1357 e em seguida o primeiro grande levante popular da história de Paris, causando novas rupturas entre o rei e a cidade.[f 7] Os reis desde então deixam de residir no centro da cidade, preferindo primeiro o Hôtel Saint-Pol (destruído por ordem deCarlos VI após o Bal des ardents), depois o Hôtel des Tournelles, donde se pode mais facilmente escapar em caso de tumulto. Em 1407 (logo após o assassinato de Luís d'Orleães), estoura uma guerra civil entre armagnacs e bourguignons que dura até 1420.[f 8] A cidade passa para o campo dos bourguignons em setembro de 1411.
Paris termina arruinada pela Guerra dos Cem Anos. Joana d'Arc, em 1429, falha na sua tentativa de liberá-la dos ingleses e de seus aliados bourguignons. Carlos VII e seu filho Luís XI tem ressalvas contra a cidade e fazem questão de não residir nela, preferindo o Vale do Loire. Sua população cresce entre 1422 e 1500, contando de cem mil a cento-e-cinquenta mil almas. Uma modesta expansão económica é retomada em meados do século XV, mas a cidade sofre com a ausência da Corte. Paris se transforma numa cidade administrativa e judiciária.[f 9]
[editar]Idade Moderna
A Renascença, marcadamente presente na corte real residente no Vale do Loira, consequentemente não beneficia muito Paris. Apesar do seu afastamento, a monarquia se inquieta com a expansão desordenada da cidade. A primeira regulamentação urbanística é decretada em 1500 à propósito da nova ponte de Notre-Dame, sobre a qual se construíram casas uniformes de tijolo e pedra com o estilo Luís XII.[c 2]
Em 1528, Francisco I fixa oficialmente a sua residência em Paris. A irradiação intelectual cresce: ao ensino universitário (teologia e artes liberais) se ajunta um ensino moderno voltado para o humanismo e as ciências exatas segundo os desejos do rei, no Collège de France. Sob o seu reino, Paris atinge a marca de 280 000 habitantes e permanece como a maior cidade do ocidente.[s 1]
Em 24 de Agosto de 1572, sob Carlos IX, se organiza o massacre da noite de São Bartolomeu. Contam-se dentre duas mil e dez mil vítimas.[f 10] A Liga católica francesa, particularmente forte na capital, se ergue contra Henrique III durante o Dia das Barricadas em 1588. Ele foge antes de fazer cerco à cidade.[f 11] Após o seu assassinato, o cerco é mantido por Henrique de Navarra, coroado como Henrique IV. A cidade, apesar de arruinada e faminta, não lhe abre as portas até1594 após a sua conversão — ocasião na qual ele cunhou a célebre porém apócrifa citação "Paris vaut bien une messe." (Por Paris, vale a pena ir a uma missa).
O Dia das Barricadas de 1648 marca o início da Fronda, a qual provoca uma severa crise económica e uma atmosfera de desacato ao rei vis-à-vis a sua capital.[f 12] Apesar duma alta taxa de mortalidade infantil, a população atinge a marca de 400 000 habitantes graças à imigração das províncias. Paris é uma vila paupérrima onde reina a falta de segurança. O bairro da lendária corte dos milagres (assim chamada porque os indigentes e enfermos do dia desapareciam após passar-se a noite, como por milagre) é progressivamente esvaziada a partir de 1656 pelo tenente-general de polícia Gabriel Nicolas de la Reynie.[9]
Luís XIV escolhe Versalhes como residência em 1677, antes de para lá mudar a sede do governo em 1682. Colbert toma em sua mãos a gestão parisiense e faz as idas e vindas entre Paris e Versalhes. Durante o seu reino, o Rei Sol não foi mais que vinte-e-quatro vezes à Paris, essencialmente só para marcar presença em cerimônias oficiais, numa mostra de hostilidade da qual não gostam muito os parisienses.[f 13]
No século XVIII, Versalhes não tira de Paris a preeminência intelectual; pelo contrário, ela se torna uma chama revolta a se alimentar das ideias iluministas. É esse o período dos salões literários, como aquele de madame Geoffrin. Os anos setecentos é também um período de forte expansão económica a qual permite um importante marco demográfico: a vila chega a 640 000[10] habitantes às vésperas da Revolução Francesa.
Em 1715, o regente Filipe d'Orleães abandona Versalhes pelo Palais Royal. O jovem Luís XV se instala no Palácio das Tulherias, assim fazendo um efémero retorno da realeza à Paris. Desde 1722, Luís XV volta ao Palácio de Versalhes, rompendo a frágil reconciliação com o povo parisiense.[f 14]
A cidade de então se estendia mais ou menos sobre os seis primeiros arrondissements atuais, com o Jardin du Luxembourg marcando a fronteira ocidental da cidade. Luís XV começa a se interessar pessoalmente pela cidade em 1749, que é quando ele decide reformar a praça Luís XV (atual Praça da Concórdia), criar a escola militar em 1752,[11] e sobretudo construir uma igreja dedicada à Santa Genoveva em 1754, melhor conhecida atualmente como Panteão.[12]
Eu amo Paris,é um ótimo lugar que qualquer pessoa iria AMAR!
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